Quarto Azul
O espetáculo de dança para crianças, "Quarto Azul" é feito nos galhos, tronco e entorno de uma árvore, no Solar Boa Vista de Brotas. A montagem, dirigida por Márcio Nonato, convoca o público mirim para apreciar – ou mesmo compartilhar – situações que se estabelecem entre quatro dançarinos, tendo a natureza como ambiente e uma árvore como um “quinto elemento”. O espetáculo, que tem entrada franca, estreia no dia 19 de outubro e fica em cartaz até 10 de novembro, aos sábados e domingos, sempre às 16h.
Quarto Azul surgiu da ideia de uma montagem de dança que seria vista de baixo para cima pelo público infantil. “Queria mudar a perspectiva, que já é algo próprio das crianças, esse olhar que ainda não obedece à mesma lógica dos adultos”, observa Márcio Nonato, que, em princípio, pensou em realizar o espetáculo num teatro. As pesquisas e exercícios – que envolviam técnicas circenses, como a de tecido – acabaram conduzindo, contudo, para a árvore. “Esse elemento entrou com muita força poética, lúdica e desafiadora. Acabou nos levando para um lugar de muitas possibilidades para um espetáculo de dança tão singular”, comenta o diretor.
Brincadeira e nostalgia
Na montagem, os dançarinos Adelena Rios, Jorge Oliveira, Lucas Valentim, Olga Lamas exploram a árvore e alguns objetos agregados a ela – balanço de pneu, tecidos, regador. “É uma arvore-gambiarra, um pé de muitas coisas: sapatos, utensílios…”, brinca Márcio. Pendurados, de ponta-cabeça e se deslocando entre os galhos, os dançarino realizam ações, criam relações entre si ou simplesmente maneiras de permanecer ou interagir com aquele “habitat”. O diretor ressalta que a proposta não é “infantilizar”, imitar crianças brincando ou mimetizar animais como macacos e pássaros. Segundo ele, a ideia é principalmente estimular a imaginação do público infantil e, de quebra, mexer um pouco com a nostalgia dos adultos.
“Quarto Azul não conta uma história, não tem personagens. Queremos que o público crie a sua própria narrativa, faça suas conexões e associações. Ou seja, que fantasie muito! A árvore é um quarto do qual tiramos as paredes e ficou o céu: o sonho se ampliou”, comenta Paula Lice, que assina a dramaturgia do projeto. Ela diz que a proposta é ir ativando o encanto e a criatividade das crianças e, no final, deixar a árvore para que elas também entrem na “brincadeira”. “O espetáculo já tem esse caráter de maior liberdade. O espaço aberto, as árvores, os objetos, tudo já é muito convidativo, nem temos como pensar diferente”, diz.Turma no quintal
Desta vez, quem entra em cena é o parque do Solar Boa Vista, localizado no Engenho Velho de Brotas, cento cultural localizado num complexo de prédios de valor histórico e arquitetônico.
Antiga casa de Castro Alves, sede da prefeitura e manicômio, o local abriga atualmente um teatro e uma vasta área externa, com árvores e equipamentos de lazer.“É como um grande quintal. E no quintal não tem regras, como o playground tem”, compara ele. “Escolhemos a árvore porque ela oferece uma instabilidade. Todos já caímos de alguma árvore e ela nos ajudou a aprender a lidar com os medos, com a instabilidade da vida, mas de uma forma poética e lúdica”.
SERVIÇO
Espetáculo de Dança Quarto Azul
Local: Parque Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas)
Estreia: 19 de outubro, às 16h
Temporada: até 10 de novembro, sábados e domingos, às 16h
Ingresso: gratuito Triunfo Produções