Belle

13/03/2015 16:35

A coreografia é livremente inspirada no romance "Belle de Jour", lançado em 1928 pelo escritor franco-argentino Joseph Kessel e transformado em um clássico do cinema surrealista quase quatro décadas depois, em 1967, por um de seus maiores mestres, o espanhol Luis Buñuel (1900-1983).

A história de Séverine, a burguesa bem-casada que, para suprir o profundo vazio existencial que a consome, se vê inapelavelmente compelida a transgredir as fronteiras de seu mundo de conto-de-fadas e ir passar as tardes em um randevu, onde atende pelo codinome Belle, seduziu Deborah Colker em 2011, pouco depois da estreia de Tatyana, também inspirado numa célebre obra literária. A temática de Belle, no entanto, está mais associada a outros espetáculos da companhia: , de 2005, e Cruel, de 2008, discorrem, ambos e de diferentes maneiras, sobre o que há de mais atávico nas pulsões humanas: o erotismo.

Com uma diferença fundamental: Belle traz à tona, também e principalmente, o outro lado desta mesma moeda. Coloca em evidência o embate entre carne e espírito, amor e desejo, razão e instinto, real e imaginário – conflitos íntimos que assombram e atormentam todo e qualquer ser humano civilizado. E, para Deborah, o que faz da protagonista da obra de Kessel uma personagem singular e fascinante é o fato de ela atender ao chamado implacável do instinto, ao mesmo tempo em que não abre mão do casamento e do charme discreto do dia-a-dia burguês, que preza com sinceridade, revelando uma capacidade incomum de dividir-se, com suprema diligência, entre as duas servidões.

Serviço

Espetáculo Belle

Dias: 14/03 às 21h  e 15/03 às 19h

Local: Sala Principal do Teatro Castro Alves

Ingresso:R$ 80/R$ 40 (filas A a W) e R$ 60/R$ 30 (Y a Z11)